Parte das encanações, bloqueios ou exageros podem vir de uma relação materna conturbada. Saiba como deixá-la longe da cama
Você acha que sempre sai com os homens errados? Desconfia que sua vida sexual poderia ser mais satisfatória? Muitas mulheres inseguras com relação à sexualidade podem ter um ponto em comum: uma mãe repressiva.
Para tentar desvendar as armadilhas involuntárias da relação mãe e filha, a terapeuta sexual e de casais norte-americana Sandra Reishus escreveu o livro “Putz! Virei minha mãe!” (Editora Carpe Diem). A obra fala da influência materna e as consequências em todos os momentos da vida na filha, desde a escolha de uma roupa para o primeiro encontro até o envelhecimento. “O impacto da mãe é muito abrangente e inclui a autoimagem, a confiança e a satisfação de saber seu lugar no mundo”, explica Sandra.
No livro, a terapeuta classifica sete tipos diferentes de influências negativas que a mãe pode ter tido na vida sexual da filha. Segundo ela, as piores são as mães "sem limites sexuais" e "sexualmente abusiva". “A mãe sem limites sexuais age como rival da filha e isso ensina a não confiar em ninguém. E a mãe sexualmente abusiva usa sua filha para o próprio prazer, molestando-a sexualmente ou permitindo que outras pessoas o façam, o que causa um desligamento emocional na garota que a faz se sentir pessoalmente impotente”, afirma Sandra.
O risco é que, muitas vezes, as mães sequer percebem que estão causando danos na formação sexual das filhas. “Reclamar do pai, por exemplo, ou da ‘necessidade’ de transar como parte das responsabilidades do casamento, passa uma ideia errada de sexo. A filha acaba incorporando que a mulher não tem prazer”, diz a psicóloga Cecília Zylberstajn. Outra forma quase imperceptível de influência negativa são aqueles antigos comentários, passados de mãe para filha, como “homem é tudo igual” ou “homem só quer sexo”.
Para saber diferenciar o que é fardo e o que é bagagem, é preciso reflexão e autoconhecimento. “Uma mulher pode gostar de ser parecida com a mãe, mas nenhuma gosta de ser completamente igual a ela. Às vezes só é preciso identificar o estilo sexual da mãe para a filha se desenvolver, mas talvez seja necessário um terapeuta para ajudar”, fala Sandra.
Outra dica dos especialistas é ampliar os horizontes para além da educação familiar. Cecília incentiva também procurar mais informações sobre o assunto, trocar ideias com amigas e buscar outros modelos de mulheres. “É preciso tomar cuidado só para não achar a grama do vizinho mais verde. Não é porque uma mulher diz que tem sexo sete vezes por semana que ela faz mesmo.”
Vale lembrar que toda mulher está suscetível a cometer os mesmos erros com seus rebentos. “É importante passar para os filhos que temos imperfeições também. Claro que é preciso tentar errar menos, mas faz parte do processo de aprendizagem”, diz Gerson Pereira Lopes, presidente Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Outro ambiente fundamental na formação sexual hoje é a escola, de onde vêm tanto informação quanto experiência, com os primeiros relacionamentos de amizade e amor. Mas a maior dica de Lopes é usar a sensibilidade. “Quando você está atento ao desenvolvimento do seu filho, harmonizar afetividade e sexualidade é tranqüilo.”
Os tipos de mães perigosas
Segundo a terapeuta sexual Sandra Reishus, autora de “Putz! Virei minha mãe!”, existem sete tipos de mães que podem influenciar a vida sexual da prole de forma negativa. Veja os modelos que devem ser evitados:
Mãe sexualmente passiva – demonstra que considera sexo sem graça, uma obrigação marital. A filha pode reproduzir o modelo ou ir na direção oposta, sendo promíscua para provar que a mãe está errada
Mãe sexualmente expressiva – ensina a filha a usar o sexo como barganha, como arma de manipulação. A tendência é ter dificuldade para associar o sexo a sentimentos autênticos
Mãe sexualmente crítica – acha que sexo é sujo ou algo baixo. Se sente acima dessa necessidade e se coloca como autoridade inquestionável para a filha
Mãe sem limites sexuais – a mãe se comporta como uma rival da filha. Essa relação mina a autoconfiança e da capacidade de confiar nos outros da filha
Mãe sexualmente invasiva – ao trocar confidências e se colocar no papel de amiga e não de mãe, desrespeita a privacidade e intimidade da filha. É intimidadora e repressora
Mãe sexualmente insegura – são mães que usam a filha para chamar a atenção de parceiros em potencial e comportam-se como irmã, não mãe. Com filhas mais velhas, podem vestir a filha de forma sexy e usá-la como isca
Mãe sexualmente abusiva – inclui tanto abuso sexual físico quanto moral, ao forçar confidências com a filha que não são pertinentes. A mãe abusiva também ignora caso a filha seja é molestada por homens do círculo de amizades.
Carolina Garcia e Verônica Mambrini, iG São Paulo