sexta-feira, 31 de julho de 2009

Congelamento de óvulos possibilita gravidez até os 50 anos

Preservar a fertilidade atual até quando encontrar o parceiro que deseja, se sentir preparada para a maternidade ou estiver curada de alguma doença grave é uma possibilidade real. A ajuda da ciência é o congelamento de óvulos, que consiste em armazená-los para, depois, serem fertilizados em laboratório.
A estrela Jennifer Aniston, a eterna Rachel do seriado Friends, teria optado pela técnica, que também está em evidência na novela Caminho das Índias, de Glória Perez. » Atrizes de Caminho das Índias opinam sobre congelamento de óvulos » Barriga de aluguel é permitida apenas entre parentes próximos e de forma gratuita » Tratamentos para engravidar são de baixa e de alta complexidade » vc repórter: mande fotose notícias » Chat: tecle sobre o assuntoNa trama global, Ruth (Cissa Guimarães) conta que congelou suas células reprodutivas e incentiva Ciça (Ana Lima) a tomar a mesma atitude. Se a história parece de ficção, na realidade ela possibilita a mulher engravidar até os 50 anos.

A técnica atual de congelamento de óvulo, chamada vitrificação, existe há cerca de dois anos. "O congelamento chamado lento já existia há vários anos, mas apresentava resultados desanimadores", explica o diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), Artur Dzik. A taxa de gravidez equivale à de uma fertilização in vitro, com 30% a 40% de chances por tentativa. O custo para retirar os óvulos gira em torno de R$ 5 mil a R$ 7 mil e, o da fertilização, de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Além disso, é preciso pagar a manutenção do congelamento. Por semestre, sai de R$ 300 a 500.

É uma aposta para preservar a fertilidade e, portanto, recomendada para as mulheres solteiras e as com câncer de mama ou ovário, leucemia e linfoma, já que os tratamentos de quimioterapia e radioterapia podem deixá-las estéreis. As interessadas devem ter, no máximo, 37 anos para extrair os óvulos. "Precisam de boa reserva ovariana, dosagem de FSH, inibina B, hormônio antimülleriano e contagem ultrassonográfica de folículos antrais normais", complementa.

Procedimento As candidatas a futuras mamães, depois de realizar os exames solicitados pelo médico, são submetidas à hiperestimulação ovariana com medicação via subcutânea, por 9 a 13 dias. Então, sob sedação no centro cirúrgico, é realizada a punção com uma agulha guiada pelo ultrassom. Essa última etapa dura de 15 a 20 minutos e pode levar a um pequeno desconforto abdominal, que regride naturalmente ou com o auxílio de um analgésico.

Os óvulos são congelados em nitrogênio líquido à - 196°C e guardados em contâineres com isolamento térmico. Não há um tempo máximo estabelecido para sua conservação, de acordo com o diretor da SBRH, mas o prazo se estende por anos. As pacientes podem utilizar os gametas devidamente fertilizados até o aniversário de 50 anos, desde que estejam em perfeito estado de saúde. Para concretizar a tentativa de gravidez, é realizada a fertilização in vitro, que consiste em colocar 50 mil a 100 mil espermatozóides em contato com o gameta feminino.

Gravidez múltipla A tática para evitar ou diminuir a incidência de gravidez múltipla é restringir o número de embriões transferidos para a mulher. "Sendo assim, recebe de dois a quatro, dependendo de sua idade e da qualidade embrionária", explica o médico Dzik. Os óvulos excedentes têm dois destinos: serem descartados ou doados (de forma anônima e gratuita). "O sistema jurídico não admite venda de órgãos, células ou de embriões", ressalta Fernando Campos Scaff, professor associado do Departamento de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).E o pai? Se o congelamento dos óvulos pode gerar polêmica e dúvidas, a fertilização também é motivo de discussão, principalmente se a decisão for por uma produção independente.

É este assunto também tem dado o que falar na novela Caminho das Índias. A diretora de escolha vivida Cissa Guimarães quer gerar o bebê com esperma de um doador e planos de criá-lo sozinho. É realmente possível que mães e filhos convivam bem com uma situação semelhante? De acordo com Angélica Capelari, professora de psicologia da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), sim. "Mas a mãe tem de estar muito tranquila com a decisão para saber lidar com as dúvidas do filho sobre a paternidade." Naturalmente, o pequeno vai perguntar sobre o pai. E é aí que mora a dificuldade. Respostas e atitudes equivocadas podem deixá-lo com sentimentos de raiva e rejeição, que refletem até na vida adulta. "Se tiver 2 anos, por exemplo, responda que o pai participou, porque contribuiu com a sementinha, mas não está presente.

Nesse momento, evite dizer que não o conhece. Com o tempo, passe a aumentar as informações sobre o assunto, sempre sem mentir." É importante deixar claro que era muito aguardado e é muito importante em sua vida. Há quem pense em inventar alguma história para a ausência paterna, como trabalhar em outro país ou ter simplesmente desaparecido.

Nem pense nisso. "Essa atitude mostra que a própria mãe não digeriu bem a história." Cria expectativas sem fundamento de que o pai pode voltar. Como o desejo não vai se concretizar, a tendência é a criança se sentir rejeitada e, no futuro, ter dificuldade em estabelecer relacionamentos, como explica a professora da Umesp.

É na escola que a garotada se depara com comparações e perguntas dos amigos. Se for mal orientada, existe a possibilidade de se isolar ou de reagir às provocações."Pode aconselhá-lo que responda que tem pai, mas não o conhece. Peça para responder isso apenas uma vez e, então, não atender mais às provocações", sugere a psicóloga. Em caso de dificuldades, não hesite em procurar a ajuda de um profissional.

Especial para Terra

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