quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Relações mães e filhas: um caminho possivel


Nem sempre é fácil lidar com a questão de Cronos, deus da mitologia grega que não aceitava que seus filhos se tornariam adultos
Um dia você descobre que a garotinha de cachos dourados cresceu. Hoje ela é uma jovem mulher de cabelos lisos, que possui desejos e vontades. Os pais (cada vez mais cedo) se surpreendem com os filhos crescidos, deixando para trás um tempo no qual a mãe era a mulher jovem da família.Nem sempre é fácil lidar com a questão de Cronos, deus da mitologia grega que não aceitava a ideia de que os seus filhos se tornariam adultos e tomariam o seu lugar. Na nossa sociedade, “Cronos”, ou melhor, a metáfora deste tempo que existe e cobra seu lugar, também se faz sentir, embora muitas vezes de uma forma camuflada.Esta questão muitas vezes vem marcada com a percepção de que esta mulher já não é mais tão jovem e que precisa elaborar os lutos de um corpo que se transforma, de um tempo que passa. Nesta fase da vida, quando este impasse está presente, podem ocorrer inúmeros conflitos na relação entre mãe e filha.Os espaços que vivemos em nossas vidas precisam ser entendidos como transitórios, embora ninguém deseje realmente envelhecer. As transmissões de lugares são inerentes e estão arraigadas à nossa cultura. Todos nós fazemos parte de um ciclo vital: nascemos, nos desenvolvemos, viramos jovens, adultos e, mais tarde, adultos-idosos. Enfim, nesse tempo da vida, uma fase importante é a que anuncia que a mãe pode dar o lugar de sexualidade para a filha, sem perder a sua já conquistada plenitude. Lugar este que pode, sim, ser de um novo aprendizado, principalmente do exercício do verdadeiro amor. Este amor maduro que aceita com alegria que “os nossos filhos possam ser uma geração melhor do que a nossa”. Mas, para isso, é preciso um maior desprendimento, um reconhecimento da própria confiança interna e emocional. Penso que uma das benções mais importantes é o momento da transformação e a passagem para o lugar de avó. Um lugar de crescimento e transmissão de legados, valores e a possibilidade de estreitarmos este laço afetivo tão importante entre mãe e filha.Às vezes é preciso passar o “cetro”, dando um lugar de força e permitindo que nossas filhas possam reinar nesta função de mulher, jovialidade, beleza e, sobretudo, cumprindo um verdadeiro aprendizado, fruto da relação materna.
E quem disse que as mulheres de 50, 55, 60 ou mais, não podem ser belas e desejáveis? Quando a mulher permite que a passagem do tempo seja vivida como um bem maior, inevitavelmente ela entrará em contato com uma outra forma de viver a sua nova temporalidade. Momento de novos descobrimentos

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